Estima-se que hajam no Brasil, 17 milhões de pessoas com algum tipo de transtorno mental, como esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar ou obsessivo compulsivo, entre outros menos comuns. Estas pessoas muitas vezes, principalmente em momentos de crise, descontrolam-se de tal forma que, muitas vezes necessitam de internação hospitalar.
A internação se faz necessária para controle do desequilíbrio, resguardo da vida do paciente, bem como a dos mais próximos. Quando se fala em internação de pacientes com transtornos mentais, invariavelmente nos vem a lembranças os antigos e inadequados hospitais psiquiátricos, onde os internos eram esquecidos e viviam em situação de total precariedade, dopados e sem conexões alguma com o mundo. Alguns eram propositalmente esquecidos. Estes casos ainda ocorrem nos dias de hoje, tanto em instituições públicas quanto nas privadas.
Quem conhece alguns destes problemas, sabem o quanto é difícil levar-se uma vida normal. As famílias que tem algum ente com este tipo de transtorno, por vezes tem dificuldade em sua vida profissional, familiar e social. Nos últimos 20 anos quase 20% dos leitos psiquiátricos do país foram fechados. Famílias com poucos recursos financeiros acabam não tendo onde internar seus parentes; quem tem situação financeira melhor pode recorrer a clínicas particulares. Muitos doentes que fogem acabam tornando-se mendigos, alguns surtam a tal ponto que desaparecem sem deixar rastro.
Com a reforma do conceito sobre o atendimento psiquiátrico, em 1987 foram fechadas várias destas instituições criminosas, em 1988 com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) surgem às primeiras experiências de tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Em 1989, o Deputado Paulo Delgado, propõe a extinção dos manicômios do país, através de projeto de lei. Em 2001 a lei é sancionada, mas com alterações no texto onde, não fica determinado o fechamento destas instituições, apenas incentiva o tratamento fora dos hospitais. Neste ano de 2009 um grupo de especialistas em saúde mental se reuniu a pedido no Senado Brasileiro para discutir o futuro dos termos de atendimento para estes doentes. Porém, esqueceram-se que além de terem diminuído drasticamente os leitos em entidades específicas para doenças mentais, a cada dia aumenta o número de pessoas que manifestam algum tipo de transtorno.
No novo padrão de atendimento propõe-se o menor tempo de internação, recolocação com a família e programas de orientação profissional, oficinas de artes focando devolver ao doente uma condição humana de normalidade. Os tratamentos separados entre si, pouco ajudam a médio e longo prazo. Haveria a necessidade de, além de promover a auto estima do paciente, criar um novo ambiente, também mais humano, que promovesse menos agressão às pessoas mais sensíveis.
As famílias não querem ver seus familiares vagando pelas ruas em períodos de surto, nem deixá-los como lixo nos manicômios, mas em locais que possam controlar as fases agudas para devolvê-los a vida novamente. Só quem tem familiares com estes transtornos é que sabe como fica difícil controlá-los. E mesmo para os controlados a vigia é interminável e geralmente estão condenados a passar a vida à margem da normalidade.