Esta é uma pergunta relativamente corriqueira em minha vida clínica, junto a meu consultório. Estamos em outros tempos na odontologia, com tratamentos mais modernos e materiais que prezam o resultado estético com excelência, mas a quantidade de pessoas que fazem uso de próteses totais tradicionais, ainda é grande.
É crescente também o número de pacientes que, mesmo com tratamentos sofisticados, como o uso de implantes, acabam reabilitando, muitas vezes, suas bocas com próteses aparafusadas ou de encaixes, no mesmo desenho, material e formato das próteses totais tradicionais.
Existem algumas alterações pontuais em relação ao tipo de tratamento proposto e executado pelo profissional. Mas, tratando-se de próteses totais sobre implantes ou overdentures, estamos falando de próteses confeccionadas, quase que da mesma forma, que uma prótese total convencional.
Como vêem, a pergunta pode e deve ser a mesma: Quando eu devo trocar minha prótese total?
No início de minha pesquisa na internet para o tema, através dos buscadores, nos primeiros 19 resultados obtidos, com a pergunta acima, fui levado a profissionais que através do tema, indicavam a colocação de implantes, sem esclarecer a devida pergunta. O resultado de número 20, li, reli e ri. Creiam, “Não troque sua dentadura por voto”, era um site de conscientização para algo que ainda ocorre em nosso Brasil.
A partir daí, consegui encontrar poucos artigos que puderam elucidar melhor o tema.
Há uma unanimidade em relação ao tempo de “validade” de uma prótese total. Quase todos os artigos falam em cinco anos, após o que, deve ser feita uma nova prótese total.
Esse tempo pode sofrer alteração, diante de alguns itens importantes a serem observados:
1.> Estado geral da prótese. Devemos observar se há pedaços e ou dentes quebrados, partes manchadas e ásperas. Lembre-se da importância de limpeza, lisura, higiene, que qualquer prótese deve apresentar. Há lesões causadas na boca por injúrias de próteses que machucam por estarem mal conservadas ou mal adaptadas, que podem ocasionar doenças. Há necessidade de a prótese estar adaptada, caso contrário, é preciso reembasá-la ou até mesmo trocá-la;
2.> Dores na região da cabeça, incluindo ouvido e nuca. Próteses desajustadas ou gastas podem levar a este tipo de dor. Há um fato que ocorre com certa freqüência; muitos de nós “gostamos” de mastigar mais vezes, com um dos lados da boca. Deste modo, desgastar-se-ão mais os dentes da prótese desse lado. Esse desgaste poderá acarretar uma perda no balanceio da mordida, podendo levar a dores como essas;
3.> Patologias ligadas à boca, língua e mucosa oral. Essas doenças estão muito ligadas à má higiene oral, inclusive das próteses totais ou parciais. Os sintomas mais comuns são ardência bucal, fissuras nas mucosas, lesões com diferentes aspectos e rachadura no canto da boca. Procure seu dentista para orientá-lo quanto ao procedimento adequado;
4.> Perda da estética facial. Pacientes sem sustentação dos lábios e com acentuada linha ao redor dos lábios. Esta situação, indica que pode haver alguma medida errada das próteses. Existem algumas medidas ao redor do rosto e de dentro da boca que devem ser levadas em conta, não só para harmonia, mas principalmente da correta posição da prótese no interior da boca;
5.> Qualidade de uso da prótese ao comer, falar e em seu aspecto visual. Em um dos artigos que li, o último item que as pessoas entrevistadas consideraram como elemento que justificasse a da troca da prótese total, foi o fator estético. Aqui eu faço uma ressalva, fiquei muito surpreso com esta afirmação.
Neste ponto, passei por uma reflexão pessoal e profissional, de quanto deve ser difícil ser usuário de próteses totais.
O que deve ser mais importante, comer bem ou sentir-se feliz consigo mesmo, diante da prótese que se usa? As particularidades de cada paciente encaixam-se em inúmeras situações; não dá para traçarmos um perfil exato do que é melhor.
Contudo reitero, ainda mais, minha capacidade de observar e ouvir aquilo que o paciente deseja para sua situação. Normalmente pacientes que usam próteses totais, desejam mais do que podemos lhes proporcionar.
Por isso, deve haver uma entrega mais do que a profissional. Faz-se necessário a participação do lado pessoal do paciente, do dentista e do laboratório de prótese para tentar atender o que o paciente deseja, sempre no limite do que é possível fazer.
Esses pacientes precisam de muita qualidade, no serviço que prestamos a eles. Ao reabilitarmos uma pessoa com dentaduras, estamos proporcionando muito mais que dentes. Lembrem-se, o “mal causado” está consolidado, sabe-se lá qual foi seu problema, mas ele não tem mais seus dentes. Daí a importância de oferecer o melhor para estes pacientes.
Como muitos vêem as dentaduras como tratamentos simples e antigos, são por vezes, feitos a revelia; é necessário pararmos para pensar mais nos aspectos humanos envolvidos.
Lembre-se, ainda se publicam livros especializados apenas em confeccionar Próteses Totais.