Desde 1994, uma equipe de pesquisadores brasileiros desenvolve protótipos de laser para aplicação na área de dentística, obtendo resultados inéditos no mundo.
“Os primeiros trabalhos in vitro mostraram a habilidade daquele protótipo para remover a cárie. Percebemos então que o esmalte dental irradiado, dentro da cavidade ablacionada a laser, passava a ter propriedades diferentes. Esse foi o início do projeto que vem investigando os efeitos potenciais de vários comprimentos de onda na prevenção da cárie a laser”, explica Denise Maria Zezell, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
Crianças e adolescentes tratados por um ano com o laser, associado à aplicação de flúor, tiveram uma redução 40% maior na incidência da cárie do que a obtida apenas com a aplicação do flúor.
“Conseguimos um diferencial por abordar o assunto de forma multidisciplinar, com uma equipe composta por físicos, dentistas e engenheiros de diferentes especialidades. Uma das razões físicas pelas quais a irradiação a laser associada ao flúor inibe a progressão da cárie radicular é o aumento do diâmetro dos cristais de hidroxiapatita, que compõe o esmalte e dentina, após o procedimento”, ressalta Denise.
O tratamento só com o flúor atinge em média 21% de prevenção de cáries com o uso de flúor gel, comparado a placebo aplicado em crianças que estavam expostas a outras fontes da substância de forma cotidiana, como água fluoretada, sal fluoretado ou creme dental com flúor.
“Em nossos estudos a associação da irradiação laser com aplicação de fluoreto resultou num total de 60,2% de prevenção, o que é muito interessante também para estes pacientes”, afirma Zezell. O único estudo clínico sobre o assunto, publicado pelo grupo, sugere a necessidade de repetir o tratamento a cada ano para manter os efeitos.
Se tudo der certo, a novidade poderá ser incorporada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O tratamento não requer anestesia e é relativamente rápido, indicando um potencial de atendimento em larga escala. Além disso, deve-se levar em consideração que a irradiação laser promove efeitos mais duradouros do que a aplicação tópica de flúor isoladamente, o que leva à menor necessidade de consultas periódicas preventivas. Se houver uma política de inclusão de alta tecnologia em postos de atendimento do SUS, acreditamos que o custo do equipamento seja rapidamente compensado”, explica a pesquisadora.
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Fonte: Diário da Saúde.
http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=laser-prevencao-caries&id=6550