O uso odontológico de lasers com pulsos ultracurtos, experimentado na Faculdade de Odontologia (FO) da USP, poderá realizar remoção de cárie de modo mais preciso e sem causar grandes alterações na superfície dos dentes.
No método testado pela dentista Marina Stella Bello Silva, os pulsos mais rápidos atingem uma área menor e possuem uma interação diferenciada com a superfície, que não coloca em risco o tecido dental.
A técnica, ainda não adotada clinicamente, poderá ser usada em aplicações que os lasers comuns não são adotados, como preparo de sítio de implantes e em microcirurgias.
Os lasers de érbio, usados atualmente em odontologia, emitem pulsos da ordem de microssegundos (10-6 segundos), ou seja, cerca de 1 milhão de vezes mais curtos do que um segundo.
Os lasers de pulsos ultracurtos são empregados na indústria automobilística e de biomateriais, bem como nas modernas cirurgias oftalmológicas para correção de miopia.
“A pesquisa experimentou pulsos da ordem de picossegundos (10-12 segundos) e femtossegundos (10-15 segundos), respectivamente 1 milhão e 1 bilhão de vezes mais curtos do que os equipamentos atualmente disponíveis na Odontologia”, descreve a dentista.
O calor emitido pelo laser convencional durante a remoção de cáries pode causar danos nos tecidos adjacentes à área tratada. “Por meio de um processo conhecido como ablação, a energia do laser absorvida pela água do tecido irradiado sofre uma microexplosão”, diz Marina. “Cada pulso gera uma cavidade de 400 a 600 micrômetros, resultando em uma superfície irregular e alterando significativamente a subsuperfície”.
Os lasers de picossegundos e femtossegundos causam um aumento máximo de 4 graus na temperatura dos tecidos (o nível considerado seguro para a polpa do dente é de 5,6 graus), sem necessidade de refrigeração, obrigatória no laser de érbio.
“Com os pulsos mais curtos, a interação do laser não depende tanto do material, pois se dá em um nível energético extremamente alto , com a formação de plasma”, explica a dentista. “Assim, é possível fazer cortes mais precisos, de até 2 micrômetros, sem afetar a subsuperfície “.
Os melhores resultados para os pulsos ultracurtos foram obtidos com comprimento de onda na faixa do infravermelho , com irradiação de 100 kilohertz (100.000 pulsos por segundo).
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Fonte: Diário da Saúde.