Cientistas da University of Rochester, nos Estados Unidos, descobriram o mecanismo usado pela bactéria que causa a cárie dental para invadir o tecido do coração, causando infecção cardíaca perigosa e às vezes letal conhecida como endocardite.
Estudo levanta a possibilidade de criar uma ferramenta de triagem – talvez um teste de saliva – para avaliar a vulnerabilidade dental de um paciente para a condição.
Streptococcus mutans é uma bactéria conhecida por causar cáries. As bactérias residem na placa dentária – composta por uma matriz molecular criada por S. mutans que permite que as bactérias habitem e prosperem na cavidade oral. Lá, elas produzem ácido que corroi os dentes.
Normalmente, S. mutanslimites fica confinada à boca, mas às vezes, especialmente depois de um procedimento dentário ou até mesmo após um ataque vigoroso do fio dental, as bactérias entram na corrente sanguínea. Lá, o sistema imunológico normalmente a destroi, mas ocasionalmente – em apenas alguns segundos – elas viajam para o coração e colonizam seu tecido, especialmente as válvulas cardíacas.
A bactéria pode causar endocardite – inflamação das válvulas do coração – que pode ser mortal. Infecção por S. mutans é a principal causa da doença.
A líder do estudo Jacqueline Abranches e seus colegas descobriram que uma proteína de ligação do colágeno conhecida como CNM fornece a S. mutans a capacidade de invadir tecidos do coração. Em experimentos de laboratório, os cientistas descobriram que as cepas com CNM são capazes de invadir as células do coração, e as cepas sem CNM não são.
Quando a equipe eliminou o gene para CNM em cepas onde ele é normalmente presente, as bactérias não foram capazes de invadir o tecido do coração. Sem CNM, a capacidade de adesão das cepas foi cerca de um décimo do que era com CNM.
A equipe também estudou a resposta de vermes de cera para as várias cepas de S.mutans. Eles descobriram que as cepas sem CNM raramente eram letais para os vermes, enquanto que cepas com a proteína foram letais em 90% das vezes. Então, quando a equipe eliminou CNM nessas linhagens, elas não eram mais letais.
O trabalho pode algum dia permitir aos médicos evitar S. mutans de invadir o tecido do coração de forma precoce. No entanto, uma vez que algumas cepas de S.mutans têm CNM e outras não, a investigação pode permitir aos médicos avaliar a vulnerabilidade de um paciente a uma infecção cardíaca causada pela bactéria.
Abranches identificou cinco tipos específicos de S. mutans que levam a proteína CNM, entre as mais de três dezenas de cepas examinadas. CNM não é encontrada no tipo mais comum de S. mutans encontrados em pessoas, tipo C, mas está presente em tipos mais raros de S. mutans, incluindo os tipos de E e F.
“CNM pode servir como um marcador biológico das cepas mais virulentas de S. mutans”, disse Abranches. “Quando os pacientes com problemas cardíacos vão ao dentista, talvez eles podem ser selecionados para um exame que analisa se eles carregam a proteína. Se o fizerem, o dentista pode tratá-los de forma mais agressiva com antibióticos preventivos, por exemplo.”
Fonte: Biotec.
Leia o artigo na íntegra: http://www.biotec.org.br/?p=9118 .